Resenha: Gênero, sexualidade e Educação: uma perspectiva pós-estruturalista
O livro Gênero, sexualidade e Eduacação da Guacira Louro é dividido em seis capítulos, respectivamente: A emergência do ‘gênero’; Gênero, sexualidade e poder; A construção escolar das diferenças; O gênero da docência; Práticas educativas feministas: proposições e limites e uma epistemologia feminista.
Ao longo do livro a autora relata que os sujeitos possuem identidades plurais, múltiplas e que se transformam, logo, não são fixas ou permanentes, que podem, até mesmo, ser contraditórias. Assim, o sentido de pertencimento a diferentes grupos – étnicos, sexuais, de classe, de gênero. As identidades de gênero se constroem quando os sujeitos se identificam social e historicamente como femininos e masculinos e enquanto uma construção histórica, é necessário entender que as relações entre homens e mulheres, os discursos e as representações estão em constante mudança, logo, as identidades de gênero também estão em constante transformação.
Louro também traz uma reflexão acerca das relações de gênero, na qual homens e mulheres certamente não são construídos apenas através de mecanismos de repressão , eles e elas se fazem, também, através de práticas e relações que instituem gestos, modos de ser e de estar no mundo, formas de falar e agir, condutas e posturas apropriadas. Os gêneros se produzem, portanto, nas e pelas relações de poder. Assim, o conceito foucaultiano de “biopoder”, ou seja, o poder de controlar as populações, de controlar o corpo, que foram historicamente criadas e acionadas para controlar homens e mulheres.
Discute-se no livro também a questão da escola, começou por separar adultos de crianças, católicos de protestantes, para os ricos e para os pobres. Os novos grupos foram trazendo transformações à instituição, tais como: organização, currículos, prédios, docentes, regulamentos, avaliação, a fim de garantir e produzir as diferenças entre os sujeitos. Gestos, movimentos, sentidos são produzidos no espaço escolar e incorporados por meninos e meninas.
As escolas feministas dedicavam intensas e repetidas horas ao treino das habilidades manuais de suas alunas, capazes dos mais delicados e complexos trabalhos de agulha ou de pintura. A escola continua imprimindo sua marca distinta sobre os sujeitos, através de múltiplos e discretos mecanismos. Devemos na escola como professores observar o comportamento de meninos e meninas cobrados pela sociedade e quando o comportamento parece diferente. A ampla diversidade de arranjos familiares e sociais, a pluralidade de atividade exercidas pelos sujeitos, o cruzamento das fronteiras, as trocas, as solidariedades e os conflitos são comumente ignorados e negados.
A disciplina de Educação Física são também palco de manifestação de preocupação com relação a sexualidade da criança, uma vez que as escola também fabrica sujeitos, produz identidades étnicas, de gênero, de classe, relações de desigualdades e garante a manutenção de uma sociedade dividida e que faz isso cotidianamente. Isso significa dizer que essas instituições e práticas não somente fabricam os sujeitos, como também representações de gênero e étnicas, sexuais, de classe.
Dessa forma, as mulheres e os homens feministas precisam estar atentos às relações de poder que se inscrevem nas várias dinâmicas sociais, das quais elas e eles fazem parte. A integração dos estudos feministas a outros estudos progressistas longe de representar um enfraquecimento político, representa um ganho para o feminismo.
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